Ansiedade e uso de drogas: qual é a relação?

Ansiedade e uso de drogas: qual é a relação?
Ansiedade e uso de drogas: qual é a relação?

Ansiedade e uso de drogas: qual é a relação?

Ansiedade e uso de drogas: qual é a relação? A relação entre ansiedade e o uso de drogas é uma das mais estudadas no campo da saúde mental. Embora nem toda pessoa ansiosa recorra a substâncias psicoativas, muitos indivíduos com transtornos de ansiedade acabam utilizando drogas como uma forma de lidar com seus sintomas, o que pode evoluir para um quadro de dependência química. Por outro lado, o uso abusivo de substâncias pode causar ou agravar sintomas ansiosos. Essa relação bidirecional revela um ciclo complexo, que exige atenção e tratamento integrados.

O que é ansiedade?

A ansiedade é uma emoção natural e necessária ao ser humano. Trata-se de uma resposta do organismo a situações de perigo ou ameaça, ajudando-nos a manter o estado de alerta. No entanto, quando essa sensação torna-se excessiva, constante e desproporcional ao estímulo que a desencadeia, ela pode evoluir para um transtorno psicológico.

Existem vários tipos de transtornos de ansiedade, como o transtorno de ansiedade generalizada (TAG), o transtorno do pânico, fobias específicas, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), entre outros. Em todos os casos, os sintomas podem incluir preocupação constante, tensão muscular, taquicardia, sudorese, insônia, dificuldade de concentração e medo irracional.

O que leva uma pessoa ansiosa a usar drogas?

Para muitas pessoas com transtornos de ansiedade, o uso de substâncias surge como uma tentativa de aliviar os sintomas emocionais e físicos da ansiedade. O álcool, por exemplo, é um depressor do sistema nervoso central e pode provocar uma sensação inicial de relaxamento. Da mesma forma, substâncias como maconha, benzodiazepínicos ou opioides podem reduzir temporariamente a tensão e proporcionar um estado de “fuga” dos sentimentos angustiantes.

Essa “automedicação” é especialmente comum quando o indivíduo não tem acesso a tratamento psicológico ou psiquiátrico adequado. O alívio imediato promovido pelas drogas reforça seu uso contínuo, criando um ciclo de dependência. Porém, com o tempo, os efeitos colaterais, a tolerância e a abstinência agravam o quadro original.

Como o uso de drogas pode agravar a ansiedade?

Embora algumas drogas possam parecer aliviar temporariamente a ansiedade, seus efeitos a longo prazo são frequentemente prejudiciais. Muitos usuários experimentam uma piora dos sintomas ansiosos ao longo do tempo, seja durante a abstinência ou como resultado da ação da substância no cérebro.

Alguns exemplos:

  • Estimulantes, como cocaína e anfetaminas, podem causar crises de pânico, paranoia, insônia e aumento da frequência cardíaca, todos sintomas que se confundem com os da ansiedade.

  • Álcool, embora inicialmente relaxante, é associado a maior incidência de depressão e ansiedade após seu uso contínuo ou em períodos de ressaca.

  • Maconha, especialmente em doses altas ou com uso frequente, pode induzir estados de pânico e paranoia em algumas pessoas.

  • Benzodiazepínicos, quando usados sem prescrição ou por longos períodos, podem causar dependência e, durante a abstinência, provocar intensa ansiedade, irritabilidade e insônia.

Ou seja, o que começa como uma tentativa de controle emocional pode se transformar em um fator agravante da saúde mental.

O ciclo da autossabotagem

Muitos indivíduos entram em um ciclo de autossabotagem: usam drogas para reduzir a ansiedade, sentem um alívio temporário, mas logo os efeitos colaterais ou a abstinência aumentam ainda mais a ansiedade, levando a um novo uso da substância. Esse ciclo é reforçado pelo sistema de recompensa do cérebro, que passa a associar o consumo da droga a sensações positivas, ainda que passageiras.

Com o tempo, essa dependência pode afetar negativamente todas as áreas da vida da pessoa: relacionamentos, trabalho, estudos e autoestima. Além disso, o isolamento social — comum em quadros de ansiedade — tende a se intensificar com o uso abusivo de substâncias, dificultando ainda mais o acesso ao tratamento.

Fatores de risco e vulnerabilidades

Alguns fatores aumentam a chance de uma pessoa com ansiedade recorrer ao uso de drogas:

  • Histórico familiar de transtornos mentais ou dependência química

  • Ambientes estressantes ou traumáticos

  • Falta de suporte emocional

  • Estigma relacionado à saúde mental

  • Início precoce do uso de substâncias

A adolescência é um período particularmente vulnerável, pois combina inseguranças emocionais, pressão social e impulsividade, aumentando o risco de comportamentos autodestrutivos como o uso de drogas.

Como tratar a ansiedade e o uso de drogas na clínica de recuperação?

O tratamento deve abordar tanto o transtorno de ansiedade quanto o uso de substâncias de forma simultânea. Isso é chamado de tratamento dual, voltado a comorbidades psiquiátricas e dependência química.

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As abordagens mais comuns incluem:

  1. Psicoterapia – A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é eficaz tanto para ansiedade quanto para dependência, ajudando o paciente a identificar e modificar pensamentos e comportamentos disfuncionais.

  2. Medicamentos – Antidepressivos (como ISRSs) são frequentemente utilizados para tratar transtornos de ansiedade. Em casos selecionados, medicamentos para controle da dependência (como naltrexona ou bupropiona) também podem ser indicados.

  3. Grupos de apoio – Como os Alcoólicos Anônimos (AA) ou Narcóticos Anônimos (NA), que oferecem suporte emocional e partilha de experiências.

  4. Mudanças no estilo de vida – Prática regular de atividade física, alimentação equilibrada, sono adequado e técnicas de relaxamento, como meditação ou respiração consciente, podem ajudar a reduzir a ansiedade de forma natural.

  5. Acompanhamento multidisciplinar – Envolve psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais e assistentes sociais para promover uma recuperação integral.

Prevenção e conscientização

A prevenção passa pela educação emocional, desde a infância, sobre como lidar com sentimentos como medo, angústia e frustração. É essencial que a sociedade combata o estigma em torno da saúde mental, facilitando o acesso ao diagnóstico precoce e ao tratamento adequado.

Políticas públicas de prevenção ao uso de drogas, especialmente nas escolas, devem incluir discussões sobre saúde emocional, empatia e estratégias saudáveis de enfrentamento. Quanto mais cedo essas habilidades forem desenvolvidas, menor será a chance de que adolescentes e adultos recorram a substâncias como forma de escape.

Considerações finais

A ansiedade, quando não tratada, pode levar ao uso abusivo de drogas como uma tentativa de controle emocional. Por outro lado, o uso contínuo dessas substâncias pode causar ou agravar sintomas ansiosos, criando um ciclo difícil de romper. Entender essa relação é o primeiro passo para buscar ajuda e tratar essas condições de forma eficaz.

A boa notícia é que existe tratamento, e a recuperação é possível. Com apoio profissional, compreensão da família e motivação pessoal, é viável interromper esse ciclo e retomar o controle da vida, com mais saúde mental e qualidade de vida.