
Número de mortes por intoxicação por drogas e problemas com bebidas alcoólicas no Brasil
Número de mortes por intoxicação por drogas e problemas com bebidas alcoólicas no Brasil.As intoxicações por drogas e o consumo abusivo de álcool são causas significativas de mortalidade no Brasil e no mundo. Estatísticas recentes mostram que o álcool continua sendo responsável por um elevado número de mortes diretamente atribuíveis, enquanto intoxicações exógenas (por medicamentos, drogas ilícitas e outras substâncias) representam um problema silencioso. Este artigo explora os dados epidemiológicos brasileiros e globais, com foco na mortalidade associada, para oferecer uma visão aprofundada e relevante.
1. Panorama global: álcool e drogas na mortalidade
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2019 houve cerca de 2,6 milhões de mortes anuais atribuíveis ao consumo de álcool, equivalendo a 4,7% de todas as mortes no mundo. Já as drogas psicoativas causaram 600 mil óbitos por ano, sendo cerca de 400 mil entre homens OPAS.
Esses dados destacam que o uso de substâncias está ligado a doenças crônicas, acidentes, violência e suicídio. A OMS alerta para a urgência de políticas públicas eficazes de redução de danos e ampliação do acesso ao tratamento OPAS.
2. Mortes por álcool no Brasil
2.1 Número absoluto e taxa por 100 mil habitantes
Em 2020, o Brasil registrou 20.393 mortes plenamente atribuíveis ao uso de álcool segundo boletim epidemiológico oficial. Isso representa uma taxa média de mortalidade por álcool próxima de 10 a 12 por 100 mil habitantes, conforme observado no Distrito Federal.
A Fiocruz informou que, em 2019, o consumo nocivo de álcool causava uma média de 12 mortes por hora no Brasil — totalizando cerca de 104,8 mil óbitos no ano
2.2 Perfil das vítimas e tendências
Homens são a maioria dos mortos por causas relacionadas ao álcool, com taxas superiores às mulheres. O consumo abusivo entre adultos no Distrito Federal aumentou de 16,4 % em 2013 para 25,7 % em 2023, ultrapassando a média nacional de 20,8 %.
2.3 Impactos econômicos e sociais
O custo hospitalar associado a internações diretamente atribuíveis ao álcool somou cerca de R$ 91 milhões por ano entre 2010 e 2020, com duplicações em regiões como o DF
3. Mortes por intoxicação exógena (drogas, medicamentos, agrotóxicos)
3.1 Estatísticas nacionais recentes
Entre 2012 e 2023, o Brasil registrou mais de 1.295.000 casos de intoxicação exógena, dos quais cerca de 14.328 evoluíram para óbito. Esses casos envolvem medicamentos, drogas de abuso, alimentos e bebidas.
3.2 Principais agentes tóxicos
De 2010 a 2015, foram registrados 18.247 óbitos por intoxicação no Brasil, com um coeficiente de mortalidade de 1,52 por 100 mil habitantes (masculino 2,05 vs feminino 1,01) . Os agentes mais responsáveis foram:
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Agrotóxicos (~24 % dos óbitos)
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Medicamentos (~23 %)
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Drogas ilícitas/abuso (~22 %) SciELO Brasil
No período de 2006‑2010, foram estimadas cerca de 40.546 mortes por uso de substâncias lícitas ou ilícitas, sendo 85,8 % atribuídas ao álcool, 11,5 % ao tabaco e apenas 0,8 % à cocaína e 1,8 % a outras drogas.
4. Comparativo: álcool x drogas x medicamentos
Fonte / Período | Tipo de Substância | Mortos (%) ou Óbitos |
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OMS 2019 (global) | Álcool | 2,6 milhões (4,7 %) OPAS |
OMS 2019 (global) | Drogas psicoativas | 600 mil OPAS |
Brasil 2020 | Álcool | 20.393 óbitos |
Brasil 2010-15 | Drogas de abuso | 22 % de 18.247 óbitos (≈ 4.000) |
Brasil 2006-10 | Álcool | 85,8 % de 40.546 (~34.800) |
Brasil 2012-23 | Exógenas (incl. drogas) | 14.328 óbitos |
Em resumo, o álcool lidera as mortes por intoxicação e transtornos relacionados, seguido por medicamentos, tabaco e, por fim, drogas de abuso.
5. Fatores associados e grupos de risco
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Sexo masculino: maior mortalidade por álcool e intoxicação
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Faixa etária de 20‑39 anos: prevalência mais alta nos casos de intoxicação
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Intoxicações por medicamentos e tentativas de suicídio: predominam entre mulheres (52 %) e representam uma parcela significativa dos óbitos
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Consumo abusivo crônico de álcool: associado a suicídio, acidentes e violência; alcoólatras têm risco entre 5 a 20 vezes maior de suicídio
6. Consequências e impactos
Além das mortes, o uso nocivo de álcool e drogas acarreta:
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Doenças crônicas: cirrose, cardiopatias, psicose, dependência.
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Acidentes e violência: especialmente trânsito e suicídio, incidindo mais em homens jovens
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Gastos na saúde pública: internações, tratamentos prolongados, suporte social.
O aumento da mortalidade por álcool no DF, por exemplo, reflete o impacto crescente no sistema de saúde estadual
7. Estratégias de prevenção e resposta
Para enfrentar essa crise:
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Investir em educação e prevenção desde a adolescência.
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Políticas públicas eficazes para reduzir o consumo de álcool e acesso a drogas.
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Aumento do acesso ao tratamento, especialmente em comunidades vulneráveis.
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Melhoria no registro e vigilância epidemiológica, por meio do linkage entre SIM, SIH‑SUS e Sinan OPAS
Abordagens intersetoriais são cruciais para reduzir a mortalidade e os impactos sociais.
Conclusão
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Em 2020, o Brasil registrou mais de 20.000 mortes atribuídas exclusivamente ao álcool.
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Entre 2012 e 2023, houve mais de 14 mil óbitos por intoxicação exógena, incluindo álcool, drogas, medicamento e outras substâncias.
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O álcool lidera as mortes por intoxicação, seguido por medicamentos, agrotóxicos e drogas ilícitas.
Esses dados reforçam a importância de ações coordenadas, que envolvam educação, saúde e políticas públicas para prevenir intoxicações e reduzir mortes evitáveis no país.
“Número de mortes por intoxicação no Brasil: mais de 20 mil por álcool em 2020 e 14 mil por intoxicação exógena 2012-2023. Veja dados estatísticos.”